quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bienal do Livro RJ. Aff!!

Post de 24/01:


Causo anunciado!

 E por quê? Uai, eu disse que ia escrever um, não foi?

Tudo por causa de um e-mail que recebi hoje. O remetente: Bienal do Livro Rio.

Fiquei babando de raiva quando recebi, sabem por quê? Os organizadores estão se gabando pelo fato de a Bienal ter sido citada, no jornal The New York Times, como um dos motivos que levaram o Rio a ser escolhido como a melhor cidade do mundo para se visitar em 2013.

No melhor estilo "Nelson", dos Simpsons: Ha ha... Ha ha...

 Faz-me rir!

 Aposto que ficaram curiosos para saberem o motivo, certo? E é justamente isso o tema do causo.

Realiza a cena:

Bienal do Rio 2011. O lugar dos sonhos? A princípio, nem pensava nisso. Afinal, a Bienal de SP é um arraso. Mas aquela edição de 2011 tinha uma coisa que o evento em SP jamais teve: a presença da autora Anne Rice!

 Se você, caro leitor, ainda não teve o prazer de ler um livro dessa mulher... Oh dó! Mas talvez se lembre de um filme estrelado por Tom Cruise e Brad Pitt, chamado "Entrevista com o Vampiro". Foi baseado no romance de estreia dela, de mesmo nome. Por sinal, o filme é uma droga. O livro é sempre melhor, muito melhor, do que o filme. Até os livros do Indiana Jones são mais caprichados (acreditem, eu já li)!

 Quem me conhece sabe, sou fã dessa mulher. Li todos, eu disse TODOS, os livros dela: as crônicas vampirescas, as séries das bruxas Mayfair, de anjos, de lobisomens... Até os romances esparsos, que não tem continuação. Enfim, tá tudo na minha cabeça (e na minha biblioteca).

 Para vocês terem uma ideia, visitei a cidade de New Orleans, nos EUA, por causa dela. A maioria dos seus romances têm a cidade como cenário, e ela nasceu e morou por muitos ano no Garden District, o bairro mais chique do lugar.

Fiquei uma semana perambulando pelas atracões inigualáveis de New Orleans, como a famosa Bourbon Street. Quem acha que a rua Augusta é exótica, não tem noção do que fala! Num mesmo quarteirão, dá para encontrar um hotel de luxo, uma casa de jazz com duelo de pianos ao vivo, um parque, uma loja de vodu e... um puteiro. Tudo em proporção similar. Sem falar no rio Mississipi, do pântano, da catedral, dos cemitérios...

Ah, os cemitérios são uma atracão à parte! Tem roteiros guiados que levam os turistas para uma jornada de terror: histórias de vampiros, que são nada mais do que assassinatos reais envoltos em fantasia. Até em "bar de vampiro" eu fui, doideira total! E, claro, fiz o tour à noite. Afinal, se era história de terror, qual a graça de ir de dia? Hehe...

 Visitei, também, a casa da Anne Rice. Uma mansão que, inclusive, serviu de cenário para as histórias das bruxas Mayfair. No melhor estilo "terceiro mundo sem civilidade", subi o muro e espiei, por um bom tempo, o quintal da casa, que não pertence mais à autora e não é aberta à visitação. Quem leu o livro sabe o que aquele lugar esconde... Foi sensacional!

 Bom, se for contar o que aconteceu nessa viagem, já escrevo outro causo, ou mesmo um livro. Mencionei essa viagem, bem como as minhas razões para visitar New Orleans, para que vocês tenham uma ideia de como eu fiquei nas nuvens quando vi que a Anne Rice viria para a Bienal do Rio. Era o lançamento do seu então último livro "Of love and evil".

Então pensei com meus botões: já fui a New Orleans e não a encontrei por lá, vou aproveitar a chance e pegar uma dedicatória dela no Rio!

 Agora sim, vamos ao "cerne do causo".

Embora soubesse com muita antecedência da presença da autora, não sabia o dia exato. Já estava preparada para tirar férias, usar dias de eleitoral, o que fosse necessário para ir ao RJ e conhecer a Anne. O problema era: quem disse que os organizadores da bienal montavam a programação? Escrevi para a organização e tudo o que eu consegui foi um "ainda não fechamos o programa". Acho que foram uns 4 e-mails até obter essa resposta lacônica. Ora, sem a data, como posso comprar a passagem e programar a viagem? Tudo dependia disso! Nem a própria autora sabia: eu escrevi para ela no Facebook, e ela me respondeu! Gentileza pura, mas estava mais perdida do que eu...

 Enfim, quase na véspera, saiu a data: 7 de setembro. Pensei: perfeito! Feriado, consigo ir! Fui atrás das passagens aéreas, e tive a ideia de convidar duas amigas da JF, a Priscila e a Jane, para irem comigo. Coitadas.. Se soubessem o que iria acontecer...

 Pois bem, decidimos por "farofar" no Rio: ir e voltar no mesmo dia. Afinal, o objetivo era ver a Anne Rice, e ela estaria disponível só por um dia mesmo... Bóra voar!

 Pegamos o avião em Guarulhos e descemos no Santos Dumont pela manhã, acho que eram 8 horas. Nosso plano era dar um rolê pela cidade e, à tarde, irmos para a bienal. Pegamos o metrô e vistamos alguns pontos turísticos: museus, parques, coisas que não importam agora. O causo realmente começou quando chegou a hora de irmos para o Riocentro, local da bienal.

Claro, as 3 "perrapadas" estavam sem carro e com dinheiro contado, então dependíamos de ônibus.

Merrmão, e eu reclamando dos ônibus e do trânsito de SP... Foi um choque quase tão grande quanto o trânsito do Cairo. Era um feriado nacional e a cidade estava um inferno! Engarrafamento, espera infinita por ônibus, tudo lotado! Pensava: imagina isso aqui em dia útil? Quero voltar para o caos de SP. Lá, pelo menos, sei para onde ir!

 Para piorar a situação, o tal Riocentro é, literalmente, na pqp. Longe pacas. Longe mesmo! Tivemos que pegar 2 ônibus (pobreza modo "infinity") até o nosso destino. Horas em pé esperando o coletivo. Eu, com a minha coluna dolorida por causa da minha espondilolistese, queria me jogar no buraco mais próximo e nunca mais sair de lá. A Pri e a Jane me deixaram sentar (afinal era a mais idosa, né?) e agüentaram boa parte da jornada em pé.

O primeiro ônibus não foi tão ruim. Espera de uma hora, viagem de quase uma hora.

O segundo ônibus... Merrrmão... Socorro!

 Foram três horas de viagem até o Riocentro. Três horas! Como verdadeiros bagulhos no bumba, eu e minhas amigas sacolejamos pelo trajeto que incluiu áreas nobres, praias lindíssimas e favelas. Ah, o morro... O negócio é tão na vertical que dá vertigem! A impressão é que tudo vai desmoronar bem em cima da sua cabeça. Fiquei de soslaio no bumba, vai que "acho" uma bala perdida?

 Claro, não previmos que seria um parto o trajeto até o Riocentro. Ou seja, chegamos na bienal em cima da hora.

Aí, merrrmão, a casa caiu!

 Praticamente TODO o RJ resolveu passar o feriado na bienal!

 Eu já vi aglomeração em SP e em outros lugares do mundo. Mas nada, absolutamente nada chega perto daquilo! Para vocês terem uma ideia, as autoridades pediam, via rádio, que a população evitasse ir ao Riocentro, por causa da superlotação. E nós tínhamos rádio, por acaso? Já que o nosso objetivo era a bienal, não tínhamos muito o que pensar. Bóra encarar a fila!

 Fila para comprar ingresso. Fila para entrar. Fila para andar no pavilhão. Fila do banheiro. Fila da pizza. Fila da fila! Realiza: estação Sé do metrô na hora do rush não era páreo para aquele mar de gente!

 Com um mapa na mão, localizamos o estende da editora da Anne e fomos (em fila) até lá. E ai daquele que saísse da fila: era empurrado, "cotovelado", esmurrado, quase pisoteado! Quase 7 da noite e ainda estávamos tentando chegar no estande. Pensava: ah, vou pegar uma fila básica, consigo a dedicatória, falo um pouco com ela e pronto, certo?

 Errado!

 O supra sumo das filas era justamente para pegar autógrafos com a Anne Rice! Quilométrica, a perder de vista, e cheia de gente que, dotada do famoso "jeitinho", passava na frente na maior tranquilidade. Não conseguia nem ver a Anne: um mar de baba-ovos a cercava.

Olhei para o relógio, quase 8 da noite. Olhei para o horário do voo de retorno: 10 da noite. E não me contive. Chorei, a boca amarga por ter nadado tanto e morrido na praia. Que frustração!

Minhas amigas me olhavam com dó, mas nada podiam fazer. Eu me segurei o quanto pude. Afinal, elas não tinham nada a ver com o fracasso dos meus planos. Mas tive que encarar a realidade, dar as costas para a minha autora favorita e rumar para o aeroporto.



Tínhamos menos de 2 horas para o embarque, e levamos quase 5 horas só para chegarmos ao Riocentro. E agora, o que fazer? Colocar a mão no bolso e pegar um taxi!

 Mas pensam que foi só acenar a mão e entrar no carro? Claro que não! Tivemos que pegar fila para o taxi! Mais uma hora de espera! Claro, o local estava cheio de gente "esperta" que também furava essa fila, o que nos arrasou ainda mais. Fala sério, como tinha Bozó naquele lugar!

 Quando, finalmente, conseguimos um taxi, faltava menos de uma hora para a nossa decolagem. Disse ao motorista:

 - Merrmão, temos que estar no aeroporto em 45 minutos. Pisa fundo!

 E não é que ele pisou? Nunca embarquei numa corrida de taxi tão alucinante! Não tinha limite de velocidade. Farol vermelho? Só se tivesse radar!

 O sujeito correu tanto, mas tanto, que conseguimos chegar a tempo! Eu, aliviada, dei uma boa gorjeta, e nós três saímos em disparada para o guichê de embarque.

Que, por sinal, estava fechado!

 A atendente informa:

 - O embarque já encerrou!

 Com olhos estatelados, digo:

 - Como assim, ainda faltam 15 minutos! Não temos bagagem de mão! Pelamordedeus!!

 Finalmente, depois de um verdadeiro "dia de fúria", tivemos sorte. O voo atrasou! Mas como era tarde, a decolagem seria no Galeão.

Heim? Pensei: lá vai outro taxi! Felizmente, a cia aérea disponibilizou um ônibus, que ainda não havia partido, para o traslado. Diante disso (e dos meus olhos pidões no melhor estilo Gato de Botas), a atendente fez o nosso embarque e, depois de mais espera no Galeão, voltamos para SP.

Desembarquei arrasada. Peguei o meu possante, que estava estacionado no aeroporto, e levei a trupe de volta à terra da garoa.

Moral da história: mais vale um pássaro na mão (os livros da minha biblioteca) do que dois voando (uma procura por uma dedicatória). Claro, seria legal ter conversado com ela. Não deu, paciência. Ler as histórias da Anne Rice e ter conhecido New Orleans valem mais do que uma dedicatória.

Bom dia, pessoal!

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