Amigos, aqui
vai mais um causo fresquinho de viagem, e o primeiro do ano!
Enquanto
escrevo, estou em Montevidéu, digitando no meu netbook, em cima da mala de
viagem, que está numa cadeira perto do banheiro, pois lá é o único ponto de
força disponível no quarto para o carregamento de bateria. Cruel situação, eles
realmente não querem ninguém usando força à toa por aqui. Mas como sou brasileira
e não desisto nunca, lá vai o causo!
Afinal, por
que Uruguai?
Para ser
honesta, foi por causa de um Globo Repórter. Já havia ouvido falar muito bem do
país, principalmente de Punta Del Este, destino já visitado pelo meu pai em um
cruzeiro. Mas depois que vimos esse programa, meu pai não sossegou enquanto eu não
comprei as passagens para Montevidéu. O que foi ótimo, diga-se de passagem.
Estou adorando conhecer o Uruguai!
Desfrutando da hospitalidade uruguaia. Coisa mais fofa! |
E como toda
viagem minha, tem seus perrengues, certo? É, sempre tem perrengue. O que seria
a vida sem um pouco de emoção, afinal? Mas o que temos feito por aqui é pura
diversão, principalmente por causa da presença da minha tia Isabel, que mora
nos EUA. Ela topa qualquer passeio e é divertidíssima! E mesmo com a presença da família buscapé (Joaquim,
Fátima e Daniella), o Uruguai ainda não “tremeu nas bases”.
Hum... mais
ou menos! Hehe...
Nós somos um
pouco exuberantes, então é difícil passarmos despercebidos. É, brasileiro
quando viaja em grupo é sempre notado!
Aqui vão os acontecimentos
“top five” da viagem até agora.
1. Free shop de primeiro mundo
Começamos a
viagem bem, no free shop do aeroporto Carrasco em Montevidéu. Já havia sido
alertada de que o free shop daqui era melhor do que o de Guarulhos. Dito e
feito! No Brasil, gostei de uma malha Lacoste que custava “módicos” 147
dólares. E isso porque era preço de free shop, heim? Já no equivalente
uruguaio, a mesma blusa custava 110 dólares, e ainda tinha uma promoção: compre
três peças, pague apenas duas! E isso valia para a toda a linha (blusas,
agasalhos, calçados...). Adivinha o que a criatura aqui fez? Já deixou alguns
reais logo no desembarque, e ainda fizemos um estardalhaço utilizando o único
provador do lugar. Já viram mulher resistindo a uma promoção? Nunca!
Mas admito,
as coisas no Uruguai são um pouco caras. Um cafezinho no McCafé do aeroporto? O
equivalente a 9 reais! Eu preferi ficar bocejando, mesmo porque não sou fã de
café puro. Mas a velha guarda da viagem (papis, Fátima e tia) não dispensam a
dose diária de cafeína. Foi caro, mas pelo menos, segundo eles, o café estava
bom.
2. Dirigir é preciso
Alugamos um
carro já no Brasil, que estava nos esperando no aeroporto. Como sempre nesses
casos, o carro tem o câmbio manual. Mas os nossos carros do Brasil têm câmbio
automático, então leva um tempinho até nos acostumarmos a ter que trocar
marchas.
Meu pai
assume a direção e não entende porque não consegue engatar a primeira.
Olho para os
pés dele e digo:
- Usa a
embreagem!
Ele:
- Ah é, tem
que usar o pé esquerdo!
E
conseguimos colocar o carro em movimento. Mas de vez em quando ele esquece que
precisa trocar a marcha. O carro a 90 km/h e o câmbio na segunda marcha.
O carro:
-
Aaaaahhhhhh!!!
Eu:
- Pai, troca
a marcha!
Ele:
- Putz,
esqueci!
E assim foi
por um bom tempo, até ele assimilar que as marchas não iriam se trocar
sozinhas.
Nossa trupe e o carro. Com uma cor tão discreta, é impossível perdê-lo no estacionamento! |
Graças ao
maravilhoso, espetacular e indispensável GPS (não saia de casa sem ele),
chegamos ao nosso hotel, localizado bem no centro da cidade. Fizemos o check-in
e fomos guardar o carro no estacionamento do hotel.
Tarefa
fácil? Vai lendo...
O
estacionamento é num edifício garagem, de cinco andares. O andar do nosso
hotel? O último, claro! E para chegar até lá, curvas fechadíssimas, nas quais
somente um carro passa de cada vez. Nas paredes, inúmeras marcas de lataria de
carros com motoristas menos habilidosos. Muitas mesmo, tem que ser piloto para
subir nessas rampas! Para sorte nossa, papis dá conta do recado e nos
acostumamos com o lugar.
3. Degustação de vinhos, que delícia!
Na primeira
noite em Montevidéu, não fizemos muita coisa. Chegamos num sábado, o comércio
fechado e as ruas com pouco movimento. Fizemos apenas o reconhecimento do
terreno e fomos dormir cedo, pois no dia seguinte, faríamos o primeiro passeio
agendado: Bodega Bouza, uma das melhores do país.
Estava
ansiosa por provar os vinhos uruguaios e poder admirar as videiras carregadas
de cachos de uva, é sempre uma visão espetacular. E a bodega não fez feio,
olhem só:
Uvas no ponto para a colheita! Variedade tannat. |
Lugar maravilhoso,
paisagem de encher os olhos... e preços de esvaziar os bolsos! Descobri o
conceito da bodega-boutique: produção baixa, mas de melhor qualidade. Em resumo,
paga-se, e bem, pela exclusividade.
Bom, como a
gente faz isso muito de vez em quando... fizemos tudo o que tínhamos direito!
Barris de carvalho apuram a safra 2013. |
Começamos
pela visita guiada. Depois, fizemos a degustação e almoçamos. Já havia visitado
outras vinícolas no Brasil, e o que achei especial na Bodega Bouza é o caráter
bem familiar do local. A produção esmerada se fez presente na degustação
“premium”, mais cara, com os melhores vinhos da casa. Culpa da Juliana
Carmesim, que apurou meu gosto para vinhos. Agora não consigo beber qualquer
coisa!
Foram quatro
variedades: branco, merlot e dois tannat bem amadeirados. Adorei os dois
primeiros, mais suaves. Até comprei para trazer para o Brasil. As amigas “Sex
and the City” vão adorar!
O almoço foi
da mais alta gastronomia. Coisa chique mesmo, um desbunde! Enquanto fazíamos a
degustação, já pedimos os pratos. Que demoraram. E demoraram... e nós só
comendo os frios da degustação, e os garçons “entochando” pão na gente. Pães
deliciosos, fresquinhos, que iam estufando nosso estômago enquanto a comida não
dava o ar da graça.
Quando os
pratos chegaram, quem disse que conseguimos comer tudo? Eu, que como uma
ninharia, “socializei” o conteúdo do meu
prato: um pouco para a tia, outro tanto para a Dani e assim por diante. Ou seja,
era comida que voava para tudo quanto era canto da mesa! Uns cediam o salmão,
outros, a picanha, e a salada também entrou na dança. E mesmo assim não consegui deixar o prato
vazio. Mas garanto uma coisa, o talharim estava espetacular!
Outro diferencial
da Bodega Bouza é a coleção e carros antigos que os donos mantêm no local. Tem de
Ford T a Fusca, passando por motos Raleigh e triciclos. Todos muito bem
conservados e em perfeito funcionamento. Claro, meu pai não deixava passar a
chance de nos atazanar:
- Entra lá
para tirar uma foto!
Exuberância em ação! |
E os carros
cheios de cordões de isolamento. Claro, ele estava brincando, mas os outros
visitantes começaram a nos olhar de soslaio, provavelmente pensando: pobre
quando faz programa decente nem sabe como se comportar!
Não duvido
que alguém não tenha tirado uma foto e postado no facebook com uma legenda no
estilo “aeroporto ou rodoviária?”. Provavelmente seria “bodega-boutique ou
boteco da esquina?”. Acho que o povo tem
é inveja da nossa exuberância! Hehe...
4. Mercados do Uruguai, uma atração à
parte
O mercado da esquina vende games! |
Como temos
frigobar no hotel, fomos às compras nos mercados locais para comprar itens de
sobrevivência básicos para qualquer turista: água, frutas, frios e pão. A rede
onipresente aqui em Montevidéu é a “Ta-ta”. Provavelmente o diretor de
marketing é o professor Girafales, porque com esse nome, só pode!
Eu adoro ir
a mercados quando viajo. São lugares frequentados pelos locais, então é uma chance
de ver o que eles consomem, perceber as peculiaridades e interagir com as
pessoas. Interação, a chave da boa convivência em qualquer viagem!
Uniforme escolar, coleção 2013, nos mercados em 2014 também! |
Muito do que
é vendido por aqui temos nos nossos mercados. Mas a dinâmica é um pouco
diferente. E tem produtos que estranhamos ver em prateleiras de mercado. Como esses
videogames, por exemplo. Colocados na prateleira como a coisa mais natural do
mundo de se comprar por aqui. Mas no Brasil as caixas estariam atrás do balcão,
fechadas atrás de uma porta de vidro fechada a chave, certo? Tudo bem, não
tinha o PS4, mas foi estranho ver um mercado que é um misto de “Extra” com “Kalunga”!
Uma coisa
que também me chamou a atenção foi o uniforme escolar. As crianças usam aqui o
jaleco branco e o laçarote azul marinho, e a vestimenta pode ser encontrada nos
mercados. Muito “fashion”, só que não. Mas como a taxa de analfabetismo do
Uruguai é a menor da América do sul e todas as crianças aqui têm laptop, tenho
é que enfiar a minha viola no saco. Os uruguaios podem não ter senso de moda,
mas tem educação para todos!
5. “Causando” em Colônia de Sacramento
Não é
exagero. Nós causamos mesmo, deixamos a nossa marca naquela cidade e os locais
irão se lembrar de nós. Pelo menos por algumas horas!
Agora conto
o motivo.
Colônia é
uma cidade minúscula, cheia de história, que pede o mínimo de fôlego para uma
caminhada. Perfeita para andar de bicicleta, por sinal. Já cheguei com a ideia
de alugar uma, mas a minha tia Isabel não pedala. Então tínhamos que achar um
meio termo. E qual foi a nossa brilhante ideia? Alugar uma espécie de “carrinho
de golfe” com esteroides e uma bike. Quatro pessoas da trupe iriam no carrinho
e eu, de bike, iria atrás, pedalando. Como o veículo comportava apenas 4
pessoas mesmo, foi o arranjo perfeito.
A receita perfeita para o caos! |
Perfeito,
né?
O motorista
(papis) e um passageiro (Dani) iriam de frente, mas os outros dois (Fátima e
tia) iriam de costas!
As duas
sentaram e afivelaram o cinto, mas não estavam lá muito seguras do nosso novo
meio de transporte, e com razão. Uma curva mais fechada e poderiam sair pela
tangente!
Mas a cereja
do bolo ainda estava por vir. O tal carrinho era difícil, muito difícil de se
dirigir com o mínimo de suavidade. Juntando a direção nada sutil com as ruas de
paralelepípedo do lugar, o que temos? Passageiros em pânico, sendo
transportados com a leveza e a suavidade de uma égua pocotó pelo sítio
arqueológico de Colônia!
E para
completar o espetáculo, meu pai buzinava a cada esquina!
Foto tirada com o carrinho em movimento.Tenso, mas hilário! |
Ou seja,
buzina, arranque, gritos dos passageiros, freadas bruscas, mais um arranque,
mais buzina, risadas... e eu só atrás, pedalando, observando a cara de pânico
da minha tia Isabel e chorando de rir!
Chegávamos a
um lugar e todos já nos olhavam, porque era uma gritaria e um buzinaço sem fim.
Curvas fechadas faziam os passageiros gritarem “ooopaaaa!” como se estivessem
no casamento grego do século. Às vezes eu até passava longe, pedalando,
fingindo não conhecer aquela gaiola das loucas ambulante!
Aí tínhamos que
estacionar o carrinho (que não tinha portas nem janelas) e o meu pai já soltava
outra pérola:
- E agora,
como vou trancar as portas? Não tem porta!
E os locais,
bem como outros turistas, só aproveitando o espetáculo.
Lotação esgotada. Só a bike salva! |
Com a bike, eu
não precisava estacionar para estar com eles. Fui pedalando pra lá e pra cá, visitei
lugares que a entrada do carrinho não era permitida e senti o ventinho no rosto
sem motor. Que delícia!
Na hora de
devolver o carrinho, as passageiras não quiseram saber de embarcar novamente. Então
eu e meu pai fizemos a devolução. Mas como ele não sabia o caminho de volta, eu
fui pedalando à frente, e ele foi me seguindo. Posso dizer que o motor do tal
carrinho era bem fraco, pois deixei meu pai para trás. Ou então ele não quis me
atropelar, vai saber, né? Risos...
Agora
preciso dormir, quase meia noite em Montevidéu. Vou deixar para contar sobre o
city tour daqui quando escrever sobre o nosso destino de amanhã. Punta Del
Este!
Boa noite,
pessoal!
Dica de ouro: não alugue carrinho, vá de bike! |